O que é desapontamento?
Substantivo masculino Condição de quem se desapontou; que não teve suas vontades e/ou expectativas concretizadas; decepção ou desilusão. Circunstância ou situação que provoca desapontamento: o resultado do jogo foi um enorme desapontamento.
O DESAPONTAMENTO NA BÍBLIA
A Bíblia está cheia de histórias de decepções entre pessoas e até mesmo entre pessoas e Deus.
Decepções inter-humanas
Eis algumas das decepções que marcaram as vidas de muitas pessoas.
- Agar amava a Abraão, chegando a lhe dar um filho. No entanto, instigado por Sara, sua também esposa, ele se separou de Agar, expulsando-a de casa. No meio do deserto, para onde teve que fugir com o filho menor, Agar chorou e orou muito. Deus viu a sua dor e fez dela uma nova mulher (Gênesis 21.9-21).
- Samuel era um profeta, sacerdote e juiz que fazia tudo por seu povo. Assim mesmo, depois de tantos serviços prestados, os israelitas lhe pediram que lhes escolhesse um rei, que não fosse ele, nem seus filhos. O pedido o deixou enormemente decepcionado. As palavras com as quais quiseram descartar seus líderes foram dolorosas: "Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações" 8.5). Deus o consolou, dizendo que não era ele a quem o povo rejeitava, mas ao próprio Deus (1 Samuel 8.4-22).
- Depois de uma vitória militar, Davi voltou para casa, a fim de compartilhar sua alegria. O rei retornou dançando diante de Deus e na presença de homens e mulheres. Tomada pelo ciúme, sua esposa o repreendeu publicamente. Foi mútua a decepção; sua esposa, Mical, decepcionou-se por causa do ciúme; Davi decepcionou-se por causa da falta de compreensão dela. Os dois se separaram (2 Samuel 6.14-23).
- No começo do Cristianismo, Paulo e Pedro se envolveram numa disputa teológica, que terminou com um acordo, selado perante muitas testemunhas e por escrito, que preservava a unidade da Igreja no Espírito Santo. No entanto, algum tempo depois, o apóstolo Pedro decepcionou o apóstolo Paulo quando, diante do seu público judaico, adotou um comportamento contrário ao que fora acertado, talvez em busca do aplauso da platéia (Gálatas 2.11).
- Paulo teve muitos auxiliares. Alguns deles, como Fígelo e Hermógenes (2Timóteo 1.15), Demas (2Timóteo 4.10) e João Marcos (Atos 15.37) o abandonaram, infligindo muito sofrimento ao apóstolo.
Decepções do homem com Deus
A Bíblia registra também histórias de decepções com Deus, que tiveram fins trágicos.
- Caim prestou um culto a Deus, que não foi aceito, por causa do propósito ilegítimo que tinha ao prestá-lo. Assim mesmo, ele ficou decepcionado com Deus. Como não podia matá-lo, assassinou seu irmão (Gênesis 4.1.16).
- Jonas decepcionou-se com Deus, porque Este o chamou para pregar a um povo de quem não gostava. Depois de ter tentado fugir, acabou pregando àquela gente que, para sua decepção, aceitou a sua mensagem. Mesmo depois de corrigido por Deus, preferiu curtir a sua decepção (Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado [ressentido, em outra versão] em lugar de mudar de atitude).
- O discípulo Judas desejou que seu Mestre, Jesus, fosse o Messias político que ele e muitos outros queriam. Como Jesus foi o Messias que ele não esperava, traiu-o, entregando-o à policia política judaica por 30 moedas de prata, dinheiro suficiente para comprar um terreno próprio para abrigar um cemitério (Mateus 27.7) . Seu beijo público selou sua decepção, que terminou com uma corda no pescoço (Mateus 26.47-50; 27.3-5).
As decepções destes homens e mulheres nos ajudam a fazer uma anatomia de nossas próprias decepções.
PORQUE NOS DECEPCIONAMOS
Só se decepciona com as pessoas quem se relaciona com as pessoas. Quem não quer se decepcionar não deve se relacionar, mas esta hipótese não é possível. Não há como reduzir a zero os nossos relacionamentos.
Em lugar de fugir das pessoas, precisamos aprender a como nos relacionar com elas e verificar como nos temos comportado. Comecemos por perguntar: por que nos decepcionamos?
- Temos uma visão errada da natureza humana
Nós nos decepcionamos porque temos uma visão errada da natureza humana, ao nos esquecermos que decepcionar é da condição humana. Devemos nos lembrar que em nós não há bem nenhum.
Recordar o ensino bíblico acerca dos pecados nos ajuda a viver melhor. Há uma lei (um comportamento típico) em mim, que produz a seguinte característica: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim (Romanos 7.21). A razão disto é que todos [os seres humanos] se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer (Romanos 3.12). Por mais dura que seja esta verdade, esta é a verdade.
Por esta razão, Deus nos ensina a nos relacionar com os homens, mas não a confiar neles. O desafio de Jeremias pode não ser politicamente correto, mas é correto em todos os outros níveis, ao declarar: Assim diz o Senhor: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força" (Jeremias 17:5a,b).
Agar se decepcionou com Abraão, porque se esqueceu do que Sara podia fazer, por causa do seu ciúme, e do que Abraão podia executar, por causa da sua fraqueza. Mesmo aqueles que são geralmente pessoas bondosas fracassam e decepcionam, voluntária ou involuntariamente. - Esperamos demais das pessoas
Um dos comportamentos produtores de decepção é a expectativa errada acerca dos outros. Ela é facilmente explicada: todos queremos pertencer, todos queremos nos relacionar. Às vezes, na verdade, queremos ser servidos ou afagados pelas pessoas. Neste trajeto, idealizamos as pessoas, idealizamos os relacionamentos, acabamos esperando demais das pessoas, esperando delas o que não podem dar. Há pais que esperam demais dos seus filhos. Há filhos que esperam demais dos seus pais. Expectativa elevada é mãe de uma frustração elevada.
Não podemos esperar que o nosso próximo (mesmo o mais próximo) supra o que, por definição, não pode suprir.
Relacionemo-nos, mas não esperemos gratidão sempre. Só dez por cento das pessoas a quem socorremos, ajudamos e amamos nos socorrerá, nos ajudará e nos amará. O sentido de gratidão é uma exceção espiritual, não um comportamento natural. Quando só voltaram para agradecer um dos dez leprosos que curara, Jesus, que conhecia a alma humana, mostrou aos seus discípulos o que é a natureza humana (Lucas 17.17). Depois de ter servido por anos ao seu povo, Samuel esperava reconhecimento pelo seu trabalho. Não esperava ser descartado como um velho. Não esperava que seu modo de governar fosse substituído por outro. Samuel se esqueceu do que é a natureza humana. A sabedoria bíblica, por isto, nos pede para fazer o bem sem olhar a quem, como se fizéssemos o bem de olhos fechados, sem ver a quem servimos, que é a única maneira de jamais sermos decepcionados.
Relacionemo-nos, mas não esperemos que aqueles que têm algo contra nós venham conversar conosco, para buscar o entendimento e, quem sabe, a paz. Isto pode acontecer, mas o padrão humano é nos condenarem sem nos dar a oportunidade de defesa.
Relacionemo-nos, mas não esperemos que aqueles que nos ofenderam venham nos pedir perdão sincero. Isto pode até acontecer, mas o padrão humano, na melhor das hipóteses, é um pedido desculposo, do tipo: "oh, eu não quis ofender você, mas, se ofendi, peço perdão". Ou a gente ofende ou não ofende, não importa se culposa ou dolosamente. Não há meio termo.
Se a decepção é uma verdade, também é uma verdade que, apesar dela, precisamos nos relacionar. A recusa ao outro não é uma opção válida. - Esquecemo-nos que somos capazes de cometer o erro que os outros cometem conosco
Há algo em nós que precisa de cuidado. Parte de nossas frustrações relacionais advém de erros que nós cometemos, não de falhas dos outros para conosco. Muitas vezes, nos achamos incapazes de cometer o erro que o outro cometeu conosco. Nós sempre somos corteses. Somos sempre gratos. Procuramos esclarecer os fatos antes de julgar os outros. É isto que pensamos de nós mesmos, embora os outros não pensem a mesma coisa.
Precisamos nos lembrar que há um Pedro dentro de nós. Mesmo advertido de que o faria, o futuro líder da igreja de Cristo negou a Jesus três vezes num curto espaço de tempo. Ele ficou tão decepcionado consigo mesmo, que chorou amargamente (Lucas 26.75). Houve muita virtude neste choro, que poderia ter sido sublimado por uma desculpa. "A pressão era demasiada e eu não agüentei. Eu não neguei; fui apenas mal-interpretado. Também não fez diferença nenhuma o que eu falei".
Devemos ter a visão correta da natureza humana, inclusive para evitar a auto-decepção. Agar, quando ficou grávida, tripudiou sobre Sara, que era estéril (Gênesis 16.4). Sara jamais poderia imaginar aquelae comportamento por parte de sua empregada, mas ela o teve, decepcionando-a. Agar, portando, ao se decepcionar com Abraão e Sara, se esqueceu do que ela mesma fizera.
Não somos perfeitos. Somos Pedro. Somos Sara. Somos Abraão. Somos Agar. Não nos esqueçamos que, por vezes, nós somos os agentes da decepção. Oremos a Deus para nos dar discernimento para ver nossos próprios enganos. O pior engano é o auto-engano. - Lembremos que nem sempre somos realmente decepcionados
Erramos em nossos julgamentos. Nem sempre nossa decepção tem base na realidade. Varias vezes em suas cartas, o apóstolo Paulo lamenta que alguns o julgavam por atitudes que não tomou. Diante, por exemplo, da desconfiança de alguns coríntios, ele escreveu: Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus (2Coríntios 4.5). Só porque ele pregava com autoridade e condenava com veemência o pecado, alguns achavam que Paulo estava indo longe demais.
Certa ocasião muitas pessoas ficaram decepcionadas comigo. Minha presença foi anunciada em cartazes num determinado evento numa cidade distante do Rio de Janeiro e eu não compareci. Acontece que eu jamais fui convidado. Vim a saber meses depois. Em outras palavras, eu não decepcionei ninguém. Aqueles que me encontraram e me relataram ficaram surpresos de eu sequer ter sido convidado. Os demais até hoje devem me achar um irresponsável.
Nós somos capazes de condenar as pessoas sem conferir o comportamento delas.
Às vezes, uma pessoa se magoa diante de uma palavra contra ou sobre ela que jamais foi proferida.
Precisamos duvidar de nossas certezas. - Devemos transformar a decepção num caminho de volta para Deus
Há um lado positivo na decepção; é quando ela nos ajuda a nos voltarmos para Deus como Aquele em Quem podemos realmente confiar. Ela nos lembra quem é o ser humano; ela nos recorda quem somos nós; ela nos apresenta Quem é Deus.
Por isto, devemos ter sempre diante de nós a advertência de Jeremias, que, a propósito, encontra eco na descrição do poeta do salmo 1: Bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está. Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto (versos 7 e 8).
Como receber conforto em uma decepção através da palavra de Deus?
Passar por uma decepção, sem dúvida, não é nada fácil.
Para esse tipo de situação, destacamos os melhores versículos bíblicos, que com certeza, vão te ajudar à superar qualquer decepção ou mágoa em sua vida. Medite na palavra de Deus e saiba como lidar com a decepção, como esses grandes versículos do Senhor:
Salmos 34:18
O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.
Salmos 30:5
Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria.
Romanos 8:28
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.
1 Coríntios 16:13
Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes.
Deuteronômio 20:4
pois o Senhor, o seu Deus, os acompanhará e lutará por vocês contra os seus inimigos, para dar a vitória a vocês.
Deus te abençoe!